domingo, 22 de novembro de 2009

120. CRISÂNTEMOS TARDIOS (1939)


Esta obra de Kenji Mizoguchi, realizada em 1939, irá ser feita contra a orientação sugerida pelas entidades oficiais ou seja o chamado filme patriótico, já que a elite militar que então governava o Japão vê nesse género um excelente contributo ao esforço de guerra, nessa aventura que ficou conhecida por guerra sino-japonesa, iniciada em 1937. Tal como muitos outros colegas de profissão, o cineasta japonês irá refugiar-se no filme histórico, para não ser conotado com o regime.

Por outro lado Kenji Mizoguchi irá oferecer-nos a sua visão da mulher na sociedade japonesa ao contar-nos a história de amor de Otoku (Kakuko Mori), essa mulher que como tantas outras que irão surgir, mais tarde, nos seus filmes, irá sacrificar a sua vida pelo amor que nutre por Kikunosuke Onoue (Shotaro Hanayagi), um actor do teatro kabuki, filho adoptivo de um dos maiores representantes do género, que vive à sombra do pai.

Otoku é a criada/ama que cuida do filho mais novo do grande actor e quando a sua paixão por Onoue é descoberta, acaba por ser despedida. Este decide então partir da casa paterna e com o apoio do tio começa uma nova carreira teatral longe do olhar paterno. Ao saber disso Otoku segue-lhe o rasto e junta-se a ele, sempre no intuito de fortalecer a sua arte teatral. Mas, após a morte do tio que lhe oferecera guarida, Onoue e Otoku ficam por sua conta e risco, dormindo onde calha e sempre em companhias de teatro de classe inferior, que se arrastam pelas cidades e aldeias sem eira nem beira, sendo a jovem Otoku a luz que lhe continua a iluminar a vida/caminho.

As condições em que vivem tornam-se cada vez mais difíceis e Otoku decide sacrificar o seu amor, deixando-o em troca do seu regresso a casa e a uma carreira de sucesso que só será possível graças à influência paterna. Perdoado pelo pai, Onoue transforma-se num actor de nomeada no interior do teatro kabuki e desconhecendo o paradeiro de Otoku segue o seu caminho de sucesso, até chegar o dia em que descobre as razões que levaram Otoku a deixá-lo.

Mizoguchi opta neste filme pelo plano sequência, construindo a montagem no próprio plano, ao mesmo tempo que recusa a especificidade do grande plano, fugindo desta forma à tesoura dos censores, mas nada melhor do que lhe dar a palavra: “ Comecei a utilizar a técnica do plano sequência em 1936, consistindo ela em nunca alterar o enquadramento durante toda a sequência enquanto a câmara permanece a uma certa distância. Adoptando este método não tive a mínima intenção de representar o estado estático de uma qualquer psicologia. Pelo contrário cheguei a ele espontaneamente, prosseguindo a procura de uma expressão mais precisa e mais específica dos momentos de grande intensidade psicológica. Fui naturalmente levado a seguir uma técnica deste tipo pelo simples desejo de evitar o método clássico da descrição psicológica pelo abuso dos grandes planos.” E em “O Conto dos Crisântemos Tardios” o grande plano na verdade está ausente, ao mesmo tempo que os actores entram e saiem do enquadramento durante o plano sequência, como vemos na conversa de Onoue com o pai momentos antes de abandonar a casa paterna.

Curiosamente o cineasta escolheu dois actores célebres do teatro kabuki para protagonistas, já que eles se movimentavam muito melhor perante a câmara do que os habituais actores de cinema, por outro lado a arte deste teatro é-nos oferecida em todo o esplendor ao longo do filme através de longas sequências.
Na época “O conto dos Crisântemos Tardios” teve uma recepção estrondosa do público japonês revelando-se o maior êxito de então.

Mais uma vez o cineasta nos oferece de forma magnífica o lugar da mulher japonesa na sociedade, recorde-se que a acção decorre em 1885, tal como irá fazer ao longo de toda a sua carreira e nunca é demais recordar essa obra-prima que dilacera o espectador intitulada “A Vida de O’haru” / “Saikaku Ichidai Onna”, onde descobrimos a mais trágica personagem feminina do cinema japonês de todos os tempos.
Kenji Mizoguchi, que nunca se casou, mas que sempre viveu no mundo das mulheres, na sua derradeira obra, ofereceu-nos mais uma vez esse universo feminino que tão bem conheceu e amou, através dessa obra espantosa chamada “A Rua da Vergonha” / “Akasen Chitai”, cuja história se desenrola no mundo contemporâneo e onde descobrimos diversos retratos/vidas dessas mulheres que acompanharam o cineasta ao longo da sua vida.
Sete décadas depois da sua feitura “O Conto dos Crisântemos Tardios” continua a oferecer-nos a magia de um dos maiores cineastas de sempre.
http://www.imdb.com/title/tt0032156/
Sinopse:

Tóquio, 1885. Kikunosuke Onoue, filho de um ator de renome, descobre que só recebe elogios por ser
filho de quem é. Otuko, a ama-seca do filho de seu irmão, é a única que é sincera com Onoue. Ele
se apaixona por ela e parte em busca do sucesso por seus próprios méritos. Mais tarde, Otuko se
junta a ele








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Informações:

Arquivo: RMVB
Tamanho: 568 Mb
Director: Kenji Mizoguchi
Writers: Matsutarô Kawaguchi (writer) Shôfû Muramatsu (novel)
Release Date: 15 January 1979 (USA)
Genre: Drama
Runtime: 142 min/Argentina: 145 min/USA: 148 min
Country: Japan







Elenco:

Shôtarô Hanayagi ... Kikunosuke Onoue
Kôkichi Takada ... Fukusuke Nakamura
Gonjurô Kawarazaki ... Kikugoro Onoue
Kakuko Mori ... Otoku
Tokusaburo Arashi ... Shikan Nakamura
Yôko Umemura ... Osata
Nobuko Fushimi ... Onaka
Kikuko Hanaoka ... Eiryu
Kisho Hanayagi ... Tamisaburo Onoue
Ryôtarô Kawanami ... Eiju Dayu
Yoneko Mogami ... Otsura, Genshun's daughter
Tamitaro Onoue ... Tamizo Onoue
Benkei Shiganoya ... Genshun Amma
Fujiko Shirakawa

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