sábado, 14 de novembro de 2009

076. RAINHA CHRISTINA (1933)



O filme é muito bem conduzido pelo Rouben Mamoulian, um diretor pouco lembrado hoje mas que foi dos mais talentosos, e que brilhou na década de 30, principalmente. Ele conseguiu criar imagens de rara beleza e de difícil confecção, saltando aos olhos a cena de abdicação do trono, a cena final e, principalmente, a belíssima cena em que Greta Garbo "memoriza o quarto", de três minutos de duração, sem diálogos, só com ela percorrendo o quarto e contemplando tudo nele. Uma cena marcante e romântica em alto estilo.

O resto do elenco não passa nem perto de ter o mesmo carisma da Garbo, mas se sustenta bem. Laurence Olivier estava escalado para ser o par romântico de Garbo, mas ele foi dispensado já no começo das gravações por não haver nenhuma química entre eles, o que foi traumático para o grande ator inglês, que se afastou um pouco do cinema por causa disso (felizmente retornando depois). Isso é compreensível, já que realmente ele era novo demais para contracenar com a Greta Garbo. Felizmente Garbo então fez um lobby para que chamassem John Gilbert, seu parceiro de tantos filmes, que estava no ostracismo por ter brigado com Louis B. Mayer, chefão da MGM. "Rainha Cristina" é uma prova de que não havia nenhum problema com a voz dele, um mito criado por Mayer no intuito de destruir sua carreira. Lamentavelmente este filme chegou tarde demais para reabilitar a carreira do John Gilbert, mas ele pelo menos foi a escolha acertada para o papel, já que química com a Garbo ele tinha de sobra (quase se casaram na vida real, inclusive).

Este filme é quase um hino à liberdade pessoal, contra as amarras da sociedade. Greta Garbo inclusive reclama que está "cansada de ser um símbolo", querendo ser uma pessoa comum, o que certamente encontrava repercussão também na sua vida de estrela mundial, cansada dos holofotes, logo ela que sempre foi reclusa. A ambiguidade inclusive sexual de Greta Garbo é perfeita para encarnar a monarca do filme, também notoriamente lésbica. Não atrapalha em nada também o fato de Greta Garbo também ser sueca, evidentemente.

É claro que, por ser um filme da década de 30, romancearam toda a história da rainha sueca, mas relevando-se isso o filme funciona muito bem. Tem alguns defeitos, algumas cenas envelheceram, mas o saldo geral é muito positivo, é um filme marcante, possivelmente o melhor de Greta Garbo. Se o filme precisava muito de uma atriz como ela, a estrela sueca também precisava de um filme, e um papel, como esse, que lhe possibilitasse brilhar como nunca. Em sua carreira brilhante, mas curiosamente composta de poucos grandes filmes, "Rainha Cristina" mantém-se como um clássico e como uma prova da grande atriz cartismática que foi Greta Garbo. Uma simples constatação disso é possível de se ver na cena final: A pedido de Rouben Mamoulian, há um close de Garbo em que ela ficou o tempo todo pensando em nada, com o rosto impassível, lívido. O plano dura quase um minuto, e é muito significante, lemos toda a emoção da personagem naquele semblante. Greta Garbo fazendo nada é mais eloquente que muitas atrizes se esforçando ao máximo...
http://www.imdb.com/title/tt0024481/
torrent
http://www.mininova.org/tor/1198262
legenda
http://www.opensubtitles.org/pb/subtitles/3133932/queen-christina-pb

Queen Christina

theatical poster
Directed by Rouben Mamoulian
Produced by Walter Wanger
Written by Story:
Salka Viertel
Margaret P. Levino
Screnplay:
H. M. Harwood
Salka Viertel
S. N. Behrman (dialogue)
Starring Greta Garbo
John Gilbert
Music by Herbert Stothart
Cinematography William H. Daniels
Editing by Blanche Sewell
Distributed by MGM
Release date(s) December 26, 1933 (US)
Running time 97 minutes
Country United States
Language English
Budget $1,114,000 (est.)
Gross revenue $2,610,000 (world)

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