O problema do filme, hoje, é justamente um dos seus trunfos na época: Os “Dead End kids”. Claro, a existência deles é fundamental no filme, a história gira em torno deles, mas os seus maneirismos, e a própria “bandidagem ingênua” deles hoje é risível, e atrapalha um pouco a que nos envolvamos com o filme. Em comparação com os meninos de rua de hoje em dia, eles são garotos mimados que brincam de bola-de-gude no carpete... Mas na época eles engrossaram durante as filmagens, tentando tumultuar e insistindo em improvisações. Eles devem ter pensado que o James Cagney só era durão nas telas... mas quando ele deu uma enquadrada em um deles, os garotos entraram na linha. A vida imitando a arte.
Ann Sheridan também não tem muito o que fazer... mas felizmente ela é só a presença feminina obrigatória em qualquer filme da época. Porque o foco básico é mesmo entre James Cagney e Pat O’Brien, que inclusive eram amigos na vida real. É daí que o filme extrai sua força, de dois amigos de infância que seguiram caminhos totalmente diversos. O filme trabalha muito bem com isso, e também com a questão do acaso, de como um lance fortuito pode mudar tudo. Se fosse Pat O’Brien a ser preso pela polícia, tudo seria diferente? Ou a diferença entre eles estava realmente no caráter de cada um?
Essa ambigüidade dos personagens e o fortuito da vida culminam na cena final, extremamente marcante e muito bem dirigida por Michael Curtiz, um diretor que normalmente nos esquecemos quando nos lembramos dos “grandes diretores” da época, mas que dirigiu vários clássicos incontestáveis (entre eles, claro, “Casablanca”). Essa cena também mostra o quão rico é o personagem (e a atuação) de James Cagney. Prevalece no final o medo ou a boa ação? O espectador escolhe.
http://www.imdb.com/title/tt0029870/
SINOPSE:
Dois meninos são pegos roubando um trem de carga. Na fuga, um deles consegue pular a cerca que dá acesso ao seu esconderijo e fugir da polícia; o outro não. Este simples fato influi no destino de ambos: Rocky Sullivan (Cagney), o garoto que não conseguiu escapar, torna-se um gângster temido; seu colega, Jerry Connelly (O’Brien), vira padre. Ao fim de uma de suas diversas passagens pelo presídio, Rocky parte em busca de Jim Frazier (Bogart), um advogado ardiloso que lhe passou a perna; e acaba conhecendo e se envolvendo com um grupo de jovens delinqüentes como ele fora um dia. Anjos de Cara Suja foi uma das vítimas da Legião da Decência, um órgão católico que tratava de censurar os filmes (principalmente os de gângsteres). Isso gerou toda uma nova onda de filmes do gênero, que passaram a mostrar a origem desses criminosos, o que os motivou a serem quem são; além de um final obrigatoriamente moralista, contornado com sabedoria por alguns cineastas (é o caso de Curtiz). Bogie, que mais uma vez interpreta um homem inescrupuloso, era na época apenas um ator contratado da Warner e estrelou em seguida uma série de filmes do mesmo modelo.
Premiações
- O filme foi indicado para o Oscar de Melhor Diretor, Melhor Roteiro Original e James Cagney foi indicado para Oscar de Melhor Ator;
- Prêmio de Melhor Ator para James Cagney da Associação de Críticos de Cinema de Nova Iorque.
ano=1938 Angels with Dirty Faces | |
Estados Unidos p&b ı 97 min | |
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Produção | |
Direção | Michael Curtiz |
Roteiro/Guião | Rowland Brown / John Wexley / Warren Duff |
Elenco | James Cagney Pat O'Brien Humphrey Bogart Ann Sheridan George Bancroft |
Género | drama / film noir |
Idioma | inglês |
IMDb |
Formato: RMVB
Áudio: Inglês
Legendas: Pt-Br
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