Quando um interiorano idealista vai para Nova York para receber uma herança de 20 milhões de dólares, ele se envolve em um romance com uma esperta jornalista e se torna alvo de implacáveis homens de negócio e parentes. Finalmente ele decide doar toda a sua fortuna por ela representar muita encrenca.
Crítica
O Galante Mr. Deeds, como boa parte da filmografia de Frank Capra, integra um conjunto de filmes que pode levar os saudosistas a concluir: não se fazem mais filmes como antigamente. Leve, divertido, cativante, e ainda inteligente e crítico, marca uma era de Hollywood que parece que não volta mais. Personagens fortes, bem delineados, cenas deliciosas a todo o momento, ainda hoje, se mantém atual em seu discurso, mesmo que cada vez se torne mais e mais utópico. Impensável nos dias de hoje, acreditar numa figura como Longfellow Deeds.
. Nesta deliciosa comédia/drama de Capra, Gary Cooper, em um dos seus melhores papéis, interpreta um jovem do interior que recebe uma herança de U$ 20 milhões de dólares. Como um autêntico herói "capriano", Longfellow Deeds dá mais importância a seus princípios e valores do que qualquer bem material. Convencido a ir para a cidade, receber sua fortuna, ele aceita mas com uma intenção nobre: visitar o túmulo do General Grant. Chegando lá, a vida na cidade começa a entrar em conflito com sua pureza quase infantil e isso começa a afetá-lo e a frustrá-lo. À princípio todos ao seu redor querem tirar proveito do novo milionário e mesmo aqueles que parecem querer ajudá-lo, têm suas segundas intenções. Capra usa o conflito Campo x Cidade para fazer sua crítica aos valores morais da sociedade americana. O homem inocente vem do campo puro, bondoso e quase infantil e se defronta com luxúria, ganância e egoísmo. No fundo, isto talvez seja uma maneira de críticar o meio que ele, Capra, vive e trabalha, onde as pessoas muitas vezes crescem às custas da exploração e pilhéria daqueles que o cercam.
O filme deve muito à direção preciosa de Capra e ao roteiro de Robert Riskin, muito inteligente e que constantemente avança. Parece não haver nenhuma ponta solta, todas as cenas, os diálogos e a conduta dos personagens funcionam para nos levar ao ponto de virada (quando Deeds resolve doar sua fortuna), e em seguida a cena do tribunal, que acabou por se tornar clássica. Cooper está perfeito como Deeds, Jean Arthur faz muito bem suas "duas personas" e Douglass Dumbrille é o antagonista ideal, sem moral nenhuma, um verdadeiro porco chauvinista. Até Lionel Stander, novinho, faz seu papel com brilhantismo. Capra em um dos seus melhores momentos.
Título Original: Mr. Deeds Goes to Town
Ano/País/Gênero/Duração: 1936 / EUA / Comédia Romance / 115min
Direção: Frank Capra
Produção: Frank Capra
Roteiro: Robert Riskin
Fotografia: Joseph Walker
Música: Howard Jackson
Elenco
* Gary Cooper ... Longfellow Deeds
* Jean Arthur ... Babe Bennett/Mary Dawson
* George Bancroft ... MacWade
* Lionel Stander ... Cornelius Cobb
* Douglass Dumbrille ... John Cedar
Sinopse
Longfellow Deeds (Gary Cooper) recebe uma herança de um tio falecido, e é obrigado a sair de sua casa no interior para a cidade de Nova York, lidando com pessoas que só pensam em dinheiro, e longe da honestidade. Ele acaba se envolvendo com uma jornalista espertinha, e se torna o alvo principal dos seus parentes.
Curiosidades
- Foram precisos 6 meses de espera, para que Capra tivesse Cooper no elenco. E com isso um prejuízo de 100.000 dólares.
- Carole Lombard desistiu do papel de Babe 3 dias antes das filmagens.
- O filme teria uma continuação, "Mr. Deeds Goes To Washington", mas o diretor acabou desistindo. Ele acabou fazendo Mr. Smith Goes to Washington, com Jean Arthur e James Stewart.
- Em 2002 foi feita uma refilmagem, sob o título “A Herança de Mr. Deeds”, com Adam Sandler.
Prêmios
- Oscar de Melhor Diretor.
- Indicado ao Oscar de Melhor Ator (Gary Cooper), Filme, Roteiro e Trilha Sonora.
Oscar
Indicado nas categorias: Melhor Ator (Gary Cooper), Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor trilha sonora. Ganhou na categoria de melhor diretor.
Imagens
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